No topo de um gigante e numa cidade fantasma

Queres partir à aventura? Ir onde nunca imaginaste?

Que tal uma visita à cratera de um vulcão que está apenas adormecido? Tem tanto de louco como de interessante e diferente.

Tal como referi na publicação de Nápoles, quem pernoita por lá ou visita a cidade está em ótima posição para dar um saltinho ao Monte Vesúvio e, posteriormente, à cidade cuja existência a sua estrondosa e histórica erupção camuflou durante quase 2 milénios. Falo de Pompeia.

Mas vamos por partes... Nas próximas linhas irei propor o programa que segui e que adorei. Ressalvo apenas que será um dia de passeio com bastante andamento. Particularmente para quem vai nos meses quentes de verão, não deve esquecer o chapéu, óculos de sol, água, calçado confortável pois nem sempre o piso é regular (ou quase nunca é) e protetor solar para ir reaplicando ao longo do dia. Para além disso, lanchinhos já preparados para ir petiscando são muito bem-vindos.

Período da manhã - Monte Vesúvio

Chegar lá foi muito simples. Apanhámos o comboio em Nápoles (linha Circumvesuviana) e saímos na paragem "Ercolano Scavi". Depressa demos com o local onde comprámos os bilhetes do transporte para o vulcão e da subida até à cratera do mesmo.

Aconselho a ir bem cedo! Apanhámos um tempo fresquinho e ficámos com a sensação que a subida não teria sido tão prazerosa se fosse debaixo de calor. Durante a subida podemos ir dando conta de uma vista fantástica que naturalmente se vai tornando mais bonita à medida que se sobe. Na segunda imagem conseguimos ver o rasto da lava proveniente da última erupção em 1944.





Uma vez na cratera, temos aquela sensação única de estar num sítio onde nunca pensámos estar... Perigoso o suficiente para conseguir apagar do mapa cidades inteiras.



Período da tarde - Pompeia

Estamos no ano 79 d.C. quando se deu o desastre. Na altura os habitantes das localidades próximas do Vesúvio não sabiam o que era um vulcão, embora sentissem os seus pequenos rugidos na forma de sismos (à data ainda haviam obras de reconstrução devido ao intenso sismo que se fez sentir em 62 d.C.). Não poderiam antever o que iria acontecer... Uma forte erupção vulcânica sepultou uma cidade inteira, através de cinzas e ar quente depois de uma chuva de pedra pomes que se estima que tenha atingido uma altura de 4 metros. Cerca de 1600 anos depois da catástrofe, esta cidade foi redescoberta e iniciaram-se as escavações. Embora Pompeia seja a maior atração turística neste âmbito, convém referir que outras localidades, como Herculado, também sofreram o mesmo destino e podem ser visitadas.

Seguindo a mesma linha de comboio, saímos em "Pompei Scavi". Adianto que 1 ou 2 horas não são suficientes para ver tudo. Existem inclusive bilhetes de 1 e 3 dias. Aconselho fortemente a adquirir o audio, pois torna a viagem temporal muito mais interessante. Para além disso, também se podem encontrar na entrada mapas gratuitos que são essenciais para quem não se quer perder entre as ruínas.

É impressionante todo o trabalho de escavações e manutenção que podemos ver assim que entramos. As casas estão numeradas e à medida que vamos avançado, vamos tendo conhecimento acerca da vida diária das pessoas que viveram naquele tempo cronologicamente tão longínquo.



Basicamente, em cada casa temos a explicação das suas divisões, de quem vivia lá e o que fazia. Na impossibilidade de escrever sobre tudo (porque também não conseguimos ver tudo), irei referir alguns aspetos que achei interessantes.

Grande parte das paredes das casas encontra-se em bom estado de conservação, com as pinturas ainda intactas. Para além disso, pequenos jardins interiores também fazem as delícias dos turistas.




Algo que achei bastante interessante foi a parte da "restauração". Na cidade conseguimos encontrar locais como o da fotografia seguinte, que se chamam "Thermpolium". Particularmente ao meio dia os pompeianos costumavam almoçar fora. Nestas cavidades era onde se mantinha a comida quente. No momento das escavações foi encontrado dinheiro na primeira cavidade, que provavelmente dizia respeito ao dinheiro feito no dia.


As lavandarias também são de realçar; funcionavam com água misturada em urina e a lavagem era feita com os pés.


Encontramos ainda o Anfiteatro, semelhante ao Coliseu, onde o público se deliciava a ver as lutas entre os gladiadores (que eram escravos).


Talvez a principal e mais impressionante atração em Pompeia sejam os corpos das vítimas que se vão encontrando pela cidade. Depois das ossadas dos habitantes serem descobertas, as cavidades foram injetadas com gesso, o que permitiu obter a exata posição das pessoas no momento em que morreram. As pessoas e  não só. Uma das imagens mais impressionantes é a de um cão completamente contorcido de aflição. Estima-se que a maior parte das pessoas não morreu com a chuva de pedra-pomes ou com o desmoronamento das casas, uma vez que foram encontradas em fuga. A teoria melhor aceite baseia-se no facto de não terem resistido a ondas pouco comuns de fumo, cinzas e calor ardente.





Ainda há tanto para falar... da presença constante do Monte Vesúvio, das Villas que se encontram nos arredores da cidade, como a Villa Dei Misteri, assim como outras atrações. Foi uma cidade inteira que foi devastada... Com os seus segredos, os seus recantos, a sua beleza própria. "Impressionante" foi talvez o adjetivo que mais utilizei nas descrições... e não foi escolhido ao acaso!

O que encontramos em Pompeia são apenas as ruínas, como se pode ver pelas imagens. A maior parte dos objetos, elementos de decoração e até mesmo alimentos da época estão contidos no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles que, com muita pena nossa, não conseguimos visitar.

Resta ainda dizer que o Vesúvio não se encontra extinto! É uma bomba relógio, um vulcão que pode despertar a qualquer momento. E quanto mais tempo estiver adormecido, mais forte e devastador poderá ser o seu acordar.

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